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Pesquisas e análises reafirmam liderança de Morales em referendo boliviano

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Published by G1

By Giovana Sanchez

As pesquisas eleitorais coincidem com as opiniões dos especialistas nesta última semana na Bolívia: o presidente Evo Morales e a maioria dos oito governadores do país devem se manter no cargo após o referendo revogatório do dia 10 de agosto. Embora as projeções indiquem uma queda na popularidade do líder boliviano, é provável que ele continue no cargo.

Entenda o referendo revogatório na Bolívia
De acordo com uma pesquisa publicada na última segunda-feira (4) pelo jornal “El Deber”, o presidente teria 54% das intenções de voto, contra 41% dos eleitores que votariam no “não”. No entanto, o estudo mostra uma polarização do país, já que, se dependesse do departamento de Santa Cruz, por exemplo, o presidente deixaria o governo – com 70% de votos no “não”. Essa tendência se repete em Chuquisaca (59%), Tarija (61%) e Beni (57%).

O sociólogo Carlos Cordeiro também acredita que Morales deve vencer, com pelo menos 50% dos votos. “A vitória deve ocorrer, mas não acho que superará a porcentagem histórica da época que foi eleito. Isso será muito polêmico no país porque creio que teremos um governo de um presidente debilitado por esse tipo de resultado eleitoral”, afirmou Cordeiro em entrevista ao G1, por telefone.

Há menos de uma semana do pleito, o governo boliviano enfrenta uma crescente onda de protestos sociais: trabalhadores de minas privadas convocados pela Central Operária Boliviana (COB) – histórica aliada de Morales – exigem que o governo aprove uma nova lei de pensões e professores paralisaram a capital na semana passada com passeatas para exigir a modificação da lei de aposentadorias.

Na opinião de Cordeiro, essa crise não é forte suficiente para derrubar o governo, mas deve erodir sua popularidade. “Quando Morales convocou o referendo, há uns 10 meses, a situação política estava muito mais controlada. Ele acreditava que com uma campanha poderia manter seu nível de popularidade, mas os acontecimentos se reverteram um pouco. Mas, mesmo que perdesse, o que creio ser quase impossível, Morales continuaria tendo muita influencia como político, seria ainda um dos líderes com mais influencia no país.”

“Eu ficaria muito surpreso se Morales perdesse”, disse o especialista norte-americano Larry Birns, pesquisador e diretor do Council on Hemispheric Affairs, instituto norte-americano de pesquisas sobre a América do Sul. “Mas, se ele não continuar no cargo acredito que ocorrerá uma crise constitucional, uma situação até perigosa.”

‘Oportunismo’
De acordo com Birns, a questão das autonomias dos departamentos mais ricos é usada de maneira “oportunista” pelos governadores da região da “meia lua” – que engloba os departamentos de Pando, Beni e Tarija. Essas regiões, junto com Santa Cruz, questionaram a validade do referendo e exigem autonomia para se autogovernarem.

No primeiro semestre deste ano, os departamentos realizaram sucessivos referendos para tentar legitimar as autonomias e, em meio à crise política, Morales prometeu aprovar uma Constituição que inclua a nova situação legal.